domingo, 9 de março de 2025

O amante, o amado, o amoroso e o amor

Por Jânsen Leiros Júnior

 Gosto de pensar no amor como uma espontânea vontade de fazer bem ao outro, por transbordar em mim essa boa vontade para com todos.

Contrariando algumas máximas modernas do evangelho coach, o amor é sim, um sentimento, quando esse sentimento tem um objeto específico, alguém a quem se direciona de maneira única e exclusiva. O amor ao cônjuge, por exemplo — à pessoa amada, para quem me doo e me entrego, corpo e alma, no prazer da entrega e da doação mútua. É um sentimento legítimo, muito bem-vindo, inclusive e, necessário. Somos seres constituídos de emoções e devemos vivê-las amplamente.

Mas o agir amorosamente também pode ser uma decisão. Diante de uma circunstância que me daria a opção do desamor ou da indiferença, posso optar por amar, apesar das circunstâncias ou contrariedades. Uma entrega resoluta e determinada — como pagar o mal com o bem, perdoar ou exercer misericórdia quando a justiça, por si só, já pareceria suficiente.

Já o amor como mandamento nos seria um dever, um cumprimento que, por si só, não traz a espontaneidade de um coração transformado e frutífero pelo Espírito. Se pensarmos bem, o mandamento da lei não foi suficiente nem mesmo para a redenção. Precisamos de um ato de amor divino, que nos constrangesse a amar em reciprocidade — o nosso amor respondendo ao d’Ele, porque, fosse por sentimento, decisão ou mandamento, não fomos capazes de chegar a Ele.

Foi ao compreender n’Ele o amor que se entrega a si mesmo, para além de si, o ofendido pelo ofensor, que aprendemos a amar vivendo para o outro. Logo, o amor que verdadeiramente se doa não nasce apenas de um sentimento, não se sustentará apenas por decisão e nem se legitimará plenamente como mero cumprimento de um dever. Ele será o “amor com que devemos nos amar uns aos outros”, quando ato contínuo de rios de água viva que, pelo Espírito que habita em nós, transbordar.

E é por isso que nisto conhecemos os seus: porque se amam uns aos outros com entrega e doação incondicional, assim como Ele nos amou.