Por Jânsen Leiros Júnior
Gosto de pensar no amor como uma espontânea vontade de fazer bem ao outro, por transbordar em mim essa boa vontade para com todos.
Contrariando
algumas máximas modernas do evangelho coach, o amor é sim, um sentimento,
quando esse sentimento tem um objeto específico, alguém a quem se direciona de
maneira única e exclusiva. O amor ao cônjuge, por exemplo — à pessoa amada,
para quem me doo e me entrego, corpo e alma, no prazer da entrega e da doação
mútua. É um sentimento legítimo, muito bem-vindo, inclusive e, necessário.
Somos seres constituídos de emoções e devemos vivê-las amplamente.
Mas
o agir amorosamente também pode ser uma decisão. Diante de uma circunstância
que me daria a opção do desamor ou da indiferença, posso optar por amar, apesar
das circunstâncias ou contrariedades. Uma entrega resoluta e determinada — como
pagar o mal com o bem, perdoar ou exercer misericórdia quando a justiça,
por si só, já pareceria suficiente.
Já
o amor como mandamento nos seria um dever, um cumprimento que, por si só, não
traz a espontaneidade de um coração transformado e frutífero pelo Espírito. Se
pensarmos bem, o mandamento da lei não foi suficiente nem mesmo para a redenção.
Precisamos de um ato de amor divino, que nos constrangesse a amar em
reciprocidade — o nosso amor respondendo ao d’Ele, porque, fosse por
sentimento, decisão ou mandamento, não fomos capazes de chegar a Ele.
Foi
ao compreender n’Ele o amor que se entrega a si mesmo, para além de si, o
ofendido pelo ofensor, que aprendemos a amar vivendo para o outro. Logo, o amor
que verdadeiramente se doa não nasce apenas de um sentimento, não se sustentará
apenas por decisão e nem se legitimará plenamente como mero cumprimento de um
dever. Ele será o “amor com que devemos nos amar uns aos outros”, quando ato
contínuo de rios de água viva que, pelo Espírito que habita em nós,
transbordar.
E
é por isso que nisto conhecemos os seus: porque se amam uns aos outros com
entrega e doação incondicional, assim como Ele nos amou.